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Se o casamento é um laço de amor, então que seja um laço leve como um abraço, nunca apertado como um nó. Um enlace, firme o suficiente para não se desfazer com o vento, frouxo o suficiente para ser uma escolha diária, não uma obrigação.
Casamento bom é aquele que nos faz querer chegar e permanecer. Tem ousadia, respeito e admiração. Guarda em si a alegria do namoro, as expectativas do noivado e a incerteza dos encontros, já que nunca se sabe um abraço como se sabe um verso.
É somente como aprendizes que se casa de verdade. Por isso casar exige coragem de ir, de seguir, de deixar fluir e também a coragem de permanecer.
O casamento é como a felicidade da espera por um milagre. Espera que se mistura com muitos sentimentos. Não é o milagre, é a espera. Espera doida e doída. Esperança. De que os diálogos sejam mais fortes que os desentendimentos, de que a lei da atração se sobreponha aos ventos contrários, de que ao final, entre somas, multiplicidades, negativas e divisões, o amor seja o saldo positivo de cada dia.
Que duas pessoas singulares se dediquem a um nós, faça do casamento uma aventura. Sem nenhuma certeza: não há mapas, nem sequer vestígios de que a completude não seja uma ilusão. Tudo bem! Se o amor é uma fantasia, melhor combiná-lo com a alegria de um carnaval.
É verdade que a quaresma também chega. Só que a penitência é opcional. Se os dois querem – se fizer sentido – vale a pena redescobrir o outro, dizer sim novamente. Porque casar não é nunca um ponto de chegada, mas sempre um novo começo.
Psicanalista, mestre em filosofia e em teologia. Celebrante social. (mais)
