Psicanálise, pandemia, conflito e mudança…


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Embarquei para Portugal com algum receio sobre o coronavírus. Era o início do mês de fevereiro e a participação no Fórum Internacional de Psicanálise inaugurava uma breve temporada de descanso em terras portuguesas. Já se ouviam notícias dos primeiros contágios em países da Europa, mas durante toda aquela estadia as máscaras que levei  nem foram tocadas. Na verdade, a única menção à doença causada pelo coronavírus estava fixada em cartazes no metrô de Lisboa. Curiosamente, datavam de dezembro de 2019.

No Fórum, os temas explanados nem de longe sinalizavam para o que estamos vivendo agora. Nas salas de um pavilhão do Instituto Universitário de Lisboa pensávamos no futuro da psicanálise, nos desafios do porvir e na controversa necessidade de algum posicionamento psicanalítico frente às mazelas do mundo. Um patrocinador do encontro divulgou a iniciativa das green gyms inglesas: uma prática de descompressão mental e consequente melhora na qualidade de vida, por meio de atividades ao ar livre como plantar, deitar na grama, ter contato com as pessoas, com a natureza, com o verde. Um mês depois, a pandemia seria decretada.

Hoje me pego com a sensação de que quando se debate o futuro, o que se debate é apenas uma ilusão. Mesmo na melhor das projeções, há sempre algo que nos escapa, que resta nos jogos de nossos palavreados e que, no entanto, existe no para-além do que conseguimos dizer. Esta dimensão evidencia a seguinte perspectiva: as coisas não só existem na medida em que as podemos nomear. Há uma realidade que nos escapa e que permanece no não-dito de toda fala e de toda discussão.

Neste instante estamos frente-a-frente com um inominado que nos espreita. Ei-lo aí, tangenciando o descompasso causado pela pandemia. Ei-lo, em nossas vivências individuais, e em escala global. Algo de atuante e indizível, do qual apenas reconhecemos seus efeitos.

Não se trata de um vírus, nem da pandemia ou do isolamento social. Um contágio avassalador como o que estamos enfrentando não é algo inédito, apenas repete as angústias de outrora. Trata-se, por assim dizer, de uma sensação de incerteza contida na experiência, a angústia de um futuro obviamente não previsto. Uma vivência que emerge e assola vários momentos da vida de alguém. Tal como no inesperado da morte, não estamos diante de algo inédito, mas isso não alivia a dor.

Me cerco de pensamentos para tentar nomear este algo que escapa da palavras. Necessidade de roteirizar, de ver um nexo, uma tradução para uma realidade que não é dita, mas que é afecção. Sou tentando, muitas vezes, a encontrar sentido em alguma ilusão. Por mim tudo bem, desde que não me falte a sensatez. Apenas um bocado de loucura e de criatividade não farão mal. Volto-me, então, para as lembranças de um já distante fevereiro em Portugal, e é na letra de um fado desconstruído que encontro um alento e uma alegria, para fingir compreender e depois seguir adiante:

“quer o destino que eu não creia no destino,
E o meu fado é nem ter fado nenhum
Cantá-lo bem sem sequer o ter sentido
Senti-lo como ninguém, mas não ter sentido algum

Ai que desgraça esta sorte que me assiste
Ai mas que sorte eu viver tão desgraçado
Na incerteza que nada mais certo existe
Além da grande certeza de não estar certo de nada
Ai que saudade
Que eu tenho de ter saudade
Saudades de ter alguém
Que aqui está e não existe
Sentir-me triste
Só por me sentir tão bem
E alegre sentir-me bem
Só por eu andar tão triste.”

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O lema daquele Fórum foi: Encontro Psicanalítico: conflitos e mudanças.

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